quarta-feira, agosto 15, 2007

Pensamentos literários


"Este «eu» solitário que chamamos nos instantes de solidão final, se ninguém o pode conhecer, como pode alguém julgá-lo? E de que serve esse «eu» e a sua descoberta, se o condenamos á prisão?
Sabê-lo é afirmá-lo! Reconhecê-lo é dar-lhe razão. Que ignore isso o que ignore que é. Que despreze e o amordace o que vive no dia a dia animal. Mas quem teve a dádiva da evidência de si, como condernar-se a si ao silêncio prisional? Ninguém pode pagar, nada pode pagar a gratuidade deste milagre se sermos.
Que ao menos nós lhe demos, a isso que somos, a oportunidade de o sermos até ao fim.Gritar aos astros até enrouquecermos. Iluminarmos a brasa que vive em nós até nos consumirmos.
Respondermos com a absoluta liberdade do desafio do fantástico que nos habita.
Somos cães, ratos, escaravelhos com consciência?
Que essa consciência esgota até ás fezes a nossa condição de escaravelhos."

In "Aparição" de Vergílio Ferreira


Frase do dia: "A consciência é o melhor livro de moral e aquele que menos se consulta."
(Pascal)

Namasté

1 comentário:

Cravo a Canela disse...

Lá diz o povo, não há fome que não dê em fartura! Estou a ver que os ares da Zambujeira foram produtivos... ;)

Beso.